Quando vim da minha terra
Deixei o meu pé de serra,
Meus parentes, meu lugar.
E hoje a perambular
Por este mundão afora
Eu escondo a toda hora
Meu desejo de voltar.
Saí da minha ribeira
Sem dinheiro na carteira
Pois não tinha pra trazer
E para melhor dizer,
Só trouxe em minha bagagem
A viola, a coragem,
E a vontade de vencer.
Longe do chão dos meus pais
Minha saudade é demais.
E é isso que acho ruim
Minha saudade é sem fim,
Sem trégua e sem compaixão
Por que saí do sertão
E ele não saiu de mim.
Hoje, até quando me deito,
Fico rolando no leito
Me sentido um rei sem trono
E exaurido pelo sono
Suponho ver na parede
Minha pequenina rede
Desprezado por seu dono.
Se, durmo, durmo sonhando
Com papai me aconselhando
E mamãe me estendendo a mão
E dizendo com emoção:
Filho, sua mãe é forte
Mas a saudade é um corte
Nas carnes do coração.
Por aqui estou vivendo
Mas nem eu estou sabendo
Quanto tempo, irei ficar.
Estar ruim de suportar
Esta saudade inclemente
E essa voz insistente
Pedindo-me pra voltar.
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