segunda-feira, 13 de maio de 2019

GUARDEI DE RECORDAÇÃO... Autor: Vicente Reinaldo


Meu pai não deixou tesouro
Porque riqueza não tinha,
Mas deixou uma quartinha
E um velho chapéu de couro,
Deixou um cordão de ouro
Que herdou do meu avô,
Esse eu não vendo e nem dou
Nem qu’eu passe precisão.
- Guardei de recordação,
Tudo o que meu pai  deixou.

Pai deixou uma capanga
Dele guardar documento,
Os arreios dum jumento
E uma encardida “fianga”
Um gibão sem uma manga
Que, a outra o mato rasgou,
Tudo isso mãe juntou
E eu escondi num surrão.
- Guardei de recordação,
Tudo o que meu pai deixou.

Eu resolvi procurar
O que pai tinha deixado
Achei um pente quebrado
Do velho se pentear.
Também resolvi guardar
O que achei num birô:
Um livro de Mirabeau
E dois folhetos de Cancão,
- Guardei de recordação,
Tudo o que meu pai deixou.

Guardei até uma enxada
Que tinha o cabo quebrado,
Um facão mal amolado
E uma binga enferrujada,
Uma faca embainhada
Que o velho tanto zelou
Se o tempo não os acabou
Estão lá no meu galpão,
- Guardei de recordação,
Tudo o que meu pai deixou.

Encontrei entre as adagas
Uma arma de três postas
E o caderninho das contas,
Mas todas estavam pagas
E pra não esquecer as sagas
Do homem que me gerou,
Tudo o qu’ele me legou
Mantenho em conservação,
- Guardei de recordação,
Tudo o que meu pai deixou.

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