quinta-feira, 21 de janeiro de 2021

POEMA: VISÃO ONÍRICA - Autor: Vicente Reinaldo


Voando letargicamente
no espaço da sonolência
senti meu inconsciente
transpor minha consciência
e em meio esse pesadelo
meu espírito teve o zelo
de ouvir palavras amenas
de alguém que está além-túmulo
na ascendência do acúmulo
das suas ações terrenas.

No mundo do perispírito
no tribunal dos arcanjos
fiz passar-me por espírito
misturei-me com os anjos
lá encontrei minha amada
que estava desencarnada
“desd’uns seis anos atrás”
chorei na presença dela
louco pra morar com ela
na corte dos imortais.

No auge do devaneio
imerso na letargia
com ela fiz um passeio
na floresta da utopia
felizes trocamos ósculos
entre as nuanças de flósculos
dos campos alienígenas
vistos, talvez, por avículas
que sugavam as gotículas
das santas lágrimas nubígenas.

Eu perguntei se ela ainda
sonhava em morarmos juntos
ela sorridente e linda
disse: eu moro entre os defuntos
alma não come e nem dorme
mas por favor, se conforme
que deus com lábios risonhos
dirá se teremos sorte
que a vida é o sonho da morte
e a morte um sono sem sonhos.

Foram se ofuscando os brilhos
ela apertou minha mão
disse: quando aos nossos filhos
dê-lhes boa educação
ensine-lhes, por bondade
a prática da caridade
porque no santo juizo
esse pequeno atributo
constitui salvo-conduto
para entrar no paraiso

Depois, em levitação
ela de mim se afastou
eu lhe acenei com a mão
e ela também me acenou
mas nos ritmos dos acenos
para os tormentos terrenos
senti meu corpo voltando,
o sonho chegara ao fim,
mas quando voltei a mim
estava sentado e chorando – fim

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